GLP-1 não age sozinho: 8 prioridades nutricionais para potencializar os resultados
- Renato Romani MD MBA
- 30 de mai.
- 2 min de leitura

Os agonistas do receptor de GLP-1 (como semaglutida e tirzepatida) revolucionaram o tratamento da obesidade. Com perdas de peso de até 20%, é compreensível o entusiasmo de médicos e pacientes. Mas há um alerta importante: sem suporte nutricional e comportamental adequado, os benefícios tendem a ser parciais — e, muitas vezes, temporários.
Um novo posicionamento conjunto da American Society for Nutrition e da Obesity Society (link) lança luz sobre um problema real: a maioria dos pacientes que recebem GLP-1 não recebe acompanhamento nutricional adequado. E, com isso, perde-se uma janela de oportunidade crucial para transformar perda de peso em mudança duradoura de estilo de vida.
📉 O problema: resultado clínico sem sustentação comportamental
Muitos pacientes interpretam a supressão do apetite causada pelo GLP-1 como “não precisar se preocupar com o que comem”.
A ingestão calórica reduzida nem sempre significa alimentação saudável: pode haver perda de massa muscular e deficiência de nutrientes essenciais.
As diretrizes médicas recomendam integração de mudanças de estilo de vida, mas na prática, poucos serviços conseguem oferecer esse acompanhamento.
🍽️ O que os especialistas recomendam?
8 prioridades nutricionais para pacientes em uso de GLP-1:
Garantir ingestão adequada de proteínas
Meta: ≥1,2 g/kg/dia
Evita perda de massa magra durante o emagrecimento acelerado.
Preservar a massa muscular
Combinar ingestão de proteínas com exercícios resistidos.
Manter o metabolismo basal estável durante o tratamento.
Prevenir deficiências nutricionais
Monitorar ferro, B12, vitamina D e cálcio.
Dietas restritas podem não cobrir micronutrientes essenciais.
Evitar alimentos ultraprocessados
Mesmo com menos fome, o paciente pode recorrer a opções rápidas e pobres em nutrientes.
Priorizar alimentos minimamente processados.
Promover saúde cardiometabólica
Dietas do tipo DASH ou Mediterrânea otimizam os efeitos do GLP-1.
Reforçam o controle glicêmico e lipídico.
Planejar uma alimentação sustentável e realista
Evitar restrições extremas que não se sustentam no longo prazo.
Foco em hábitos que o paciente possa manter após o término do tratamento.
Respeitar preferências culturais e individuais
Individualização aumenta a adesão e o engajamento.
O plano alimentar precisa fazer sentido para a vida do paciente.
Reduzir estigma e risco de distúrbios alimentares
A abordagem nutricional deve promover autonomia e bem-estar.
Evitar discursos restritivos ou moralizantes sobre peso e comida.
🧠 O papel da equipe multiprofissional
Essa nova geração de medicamentos exige um novo protocolo de cuidado. A figura do nutricionista não é coadjuvante — é central. O acompanhamento contínuo com dados de adesão, composição corporal e padrão alimentar ajuda a:
Ajustar o tratamento de forma mais segura e eficaz;
Prevenir perda de massa muscular e rebote de peso;
Sustentar os resultados após o desmame do medicamento.
⚙️ Como a tecnologia pode ajudar?
Na EW2Health, desenvolvemos uma plataforma que apoia o trabalho clínico com base em três pilares:
PBA (Algoritmo Preditivo Comportamental) que analisa tendência de peso e adesão;
Monitoramento remoto com balanças inteligentes sem número e dashboards clínicos;
IA nutricional que ajuda a personalizar recomendações e acompanhar o progresso sem sobrecarregar o profissional.
✅ Conclusão
Prescrever GLP-1 é apenas o começo. O verdadeiro sucesso vem de um plano contínuo de cuidado que envolva nutrição, acompanhamento comportamental e adaptação ao longo do tempo.
Apoiar os pacientes a comerem melhor — e não apenas menos — é a chave para transformar uma perda de peso em um ganho de saúde.
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